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Porque Jesus usou uma Coroa de Espinhos?

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Traduzido por Danielle Virgínia Félix e revisado por Rodrigo Gomes Toni

Publicado em: 25 de março de 2016

Em Gênesis 3:17-19, nós lemos:

E para Adão Ele (Deus) disse:

"Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e ao pó tu tornarás".

Na criação originalmente perfeita, Adão e Eva quando criados no sexto dia, foram colocados no Jardim do Éden, e então lhes foi dado um mandamento: eles não deveriam comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:17).

Nos versículos acima de Gênesis 3, depois de Adão e Eva terem desobedecido o mandamento de Deus, trazendo portanto o pecado e a morte ao Mundo (Romanos 5:12), Deus lhes explicou algumas das mais plenas conseqüências e efeitos de seu pecado: a maldição. A maldição não foi meramente imposta sob eles, “mas sob toda criação, sob a qual lhes foi dado domínio”.1 Acerca desta maldição há uma referência específica a introdução de espinhos e cardos na criação, que estava caída a partir de agora.

O contexto imediato diz que “o pecado de Adão arruinou seu ambiente, o qual perece juntamente com ele” 2. Como Henry Morris escreveu: “A Terra que cooperava de bom grado enquanto o homem a cultivava e dela usufruía (Gênesis 2:5-15), agora se tornara relutante em produzir seu alimento, ao invés disso a terra começou a produzir espinhos e ervas daninhas, requerendo trabalho, suor e lágrimas para que o homem pudesse comer dela.”3

Os efeitos dos espinhos e cardos vêm desde aquele dia até hoje, como qualquer fazendeiro ou jardineiro sabe bem.4 Antes da queda e maldição, todas as coisas cooperavam em perfeita harmonia; Adão podia se deleitar assistindo as plantas crescerem sem esforço e produzindo uma fonte inesgotável de alimentos. Entretanto, o que era para ser uma tarefa de plena alegria para Adão no jardim do Éden, agora se tornara algo penoso, requerendo trabalho e esforço.

Maldição Incompatível com Milhões de Anos

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Cristãos que acreditam na infalível Palavra de Deus (sem espinhos antes do pecado) não podem acreditar também na 'palavra' falível do homem (milhões de anos de espinhos antes das pessoas existirem)

Os espinhos e cardos apresentados em Gênesis 3 representam problemas significativos para cristãos que não reconhecem Gênesis como uma história literal, como ela realmente é [e foi escrita intencionalmente para assim ser reconhecida]. Se, como geólogos seculares de longa data afirmam, a Terra levou bilhões de anos em um lento processo gradual para atingir sua forma atual, então temos que concluir que espinhos encontrados em registros fósseis também possuem milhões de anos. Isto significaria que os espinhos e a morte devem ter surgido antes do pecado de Adão e muito tempo antes de qualquer ser humano ter chegado ao planeta Terra. Isto é obviamente problemático e ao invés de uma simples leitura bíblica, leva a uma reinterpretação da mesma leitura sob a visão de idéias falíveis impostas pelo homem. Em contraste, espinhos no registro fóssil não são um problema para criacionistas bíblicos, que crêem que a maioria dos registros fósseis resultam do dilúvio de Noé, o qual destruiu a Terra como antes era. Este evento catastrófico aconteceu mais de 1.500 anos depois que o pecado entrou no Mundo. Então criacionistas bíblicos não ficariam surpresos em achar espinhos nos registros fósseis. Pelo contrário; seria muito coerente com a natural cronologia Bíblica.

Simbolismo de espinhos nas Escrituras

Assim como espinhos e cardos são um componente físico real do mundo maldito onde todos nós vivemos agora, eles carregam implicações simbólicas negativas de grande alcance por toda Bíblia, firmemente remetendo à maldição de Gênesis. Seu significado simbólico também cria problemas para aqueles que não leem Gênesis como um relato histórico verídico, visto que as implicações bíblicas negativas associadas a espinhos e cardos são inerentes às suas origens históricas na época da Maldição. Sem conexão à origem histórico-factual deles (dos cardos e espinhos), seus significados simbólicos tornam-se vazios e vagos.

As inúmeras referências a espinhos e cardos5 por toda Bíblia nos lembram da origem histórica do Pecado Original e da Maldição que seguiu. As implicações bíblicas negativas associadas a espinhos e cardos depois de Gênesis 3:18 são demonstradas em suas representações como sendo obstáculos, punição ou servem como lembrete do pecado e suas conseqüências. Por exemplo:

  • Em Números 33:55, Deus advertiu os israelitas que se não expulsassem os habitantes da Terra de Canaã, e permitissem que eles permanecessem lá, então estes cananeus seriam um obstáculo para aqueles outros (os israelitas). Eles seriam: “espinhos em vossos olhos”. Novamente Provérbios 15:19, usa a imagem de espinhos como obstáculos, dizendo: “O caminho do preguiçoso é como a cercada de espinhos, mas a vereda dos retos é plana.”
  • Em Isaias 34:13, quando Deus fala das conseqüências do Seu julgamento sob a Terra de Édom, espinhos são caracterizados como parte de punição dos edomitas: “Nos seus palácios crescerão espinhos, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais e sítio para avestruzes”
  • O Novo Testamento também usa espinhos e cardos em referência ao mecanismo interno do coração mundano, corrompido pelo pecado. Na parábola do semeador, Mateus 13:3-8, algumas sementes “caíram entre espinhos, e os espinhos cresceram e as sufocaram” (Versículo 7).
  • Também, a expressão visível do coração mundano que apostata de Cristo é equiparada a uma terra improdutiva e estéril, a qual: “… se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.” (Hebreus 6:8).

A Coroa de Espinhos de Jesus

O cumprimento máximo do simbolismo que espinhos e cardos possuem na Bíblia é encontrado em Mateus 27:29:

“E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram–lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante Dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos Judeus!”

Aqui os soldados do governador colocaram uma coroa de espinhos na cabeça de Jesus, para caçoarem Dele como Rei dos Judeus. Ah, se eles soubessem tanto o que estavam fazendo quanto o simbolismo implicado em suas ações! Espinhos não estavam presentes no mundo muito bom em seu estado original, mas os soldados romanos não tiveram nenhum problema em encontrar espinhos para colocar na cabeça de Jesus. Espinhos que eram um resultado direto do pecado original do homem, e que são agora encontrados abundantemente em um mundo que está mergulhado no pecado. O que os soldados fizeram involuntariamente foi imensamente significativo. Não há nada aleatório na Bíblia, toda palavra que foi escrita em suas páginas é significativa. A coroa de espinhos simboliza de forma vívida a maldição do pecado posta sobre a cabeça de Jesus. Isso remete o leitor ao livro de Gênesis, lembrando-nos porque Jesus foi crucificado, para levar consigo a penalidade do pecado em nosso lugar.6 Ele morreu como sacrifício perfeito por nossos pecados, para que a maldição que Deus pronunciara sobre a Terra, por causa do pecado, pudesse ser removida daqueles que crêem Nele e, por fim, para que a própria criação pudesse ser redimida. “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” (Romanos 8:20-21). As ações de Cristo inutilizarão cada cardo e espinho afiadamente apontado, assim como os outros efeitos da maldição. O cristão pode gritar: “Ó morte, onde está seu aguilhão?”7

Enquanto os soldados romanos podem ter caçoado de Jesus, assim como muitos o fazem hoje, Ele é de fato o Rei dos Reis, Criador e Senhor deste universo. Ele venceu o pecado e a morte através de Sua morte e Ressurreição para que todo aquele que se arrepender e crer Nele possa ser salvo. Esta é a boa nova para todas as pessoas. Amém!

Referências e Notas

  1. Gênesis 1:28, comumente referido como o Mandato de Domínio. Retornar ao texto.
  2. Matthews, K.A., The New American Commentary, An Exegetical and Theological Exposition of Holy Scripture, Gênesis 1–11:26, Broadman & Holman Publishers, p. 252, 1996. Retornar ao texto.
  3. Morris, H., The Gênesis Flood, Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, 35th impressão, p. 125, 1976. Retornar ao texto.
  4. É interessante notar que há características de design encontradas em alguns dos “espinhos e cardos” que foram examinados. Veja por exemplo: Robinson, P., Cactus spines, sharper than you may think!, J. Creation 28(2):9–11, 2014; creation.com/cactus-spines. Retornar ao texto.
  5. Representados por uma série de diferentes palavras Gregas e Hebraicas. Retornar ao texto.
  6. 1 João 4:10 Retornar ao texto.
  7. 1 Coríntios 15:55. Retornar ao texto.